A FONÉTICA ALÉM DO CARIBE
ESPANHOL CARIBENHO, ESPANHOL CUBANO
BÚCATE PLATA
Búcate plata,
búcate plata,
poque no doy un paso má;
estoy a arró con galleta,
na má.
búcate plata,
poque no doy un paso má;
estoy a arró con galleta,
na má.
Yo bien sé cómo etá tó,
pero biejo, hay que comé:
búcate plata,
búcate plata,
poqque me boy a corré.
Depué dirán que soy mala,
y no me quedrán tratá,
pero amó con hambre, biejo,
¡qué bá!
Con tanto sapato nuevo,
¡qué bá!
Con tanto reló, compadre,
¡qué bá!
Con tanto lujo, mi negro,
¡qué bá!
pero biejo, hay que comé:
búcate plata,
búcate plata,
poqque me boy a corré.
Depué dirán que soy mala,
y no me quedrán tratá,
pero amó con hambre, biejo,
¡qué bá!
Con tanto sapato nuevo,
¡qué bá!
Con tanto reló, compadre,
¡qué bá!
Con tanto lujo, mi negro,
¡qué bá!
Nicolás Guillén, conhecido
poeta cubano, tem em seus poemas a exaltação do negro e a situação social
enfrentada em seu país. Em seu poema Búcate Plata, é possível observar que o
homem está desempregado e a mulher pede que ele procure por um trabalho, pois
eles praticamente não tem mais o que comer. Foi escrito demonstrando fortes
traços do espanhol cubano, que é um subdialeto do espanhol caribenho, caracterizado
como um conjunto de dialetos do espanhol que é falado em todo o caribe.
A primeira característica do
espanhol caribenho exibida no poema está logo na primeira palavra do mesmo,
onde búcate, a /s/ é aspirada, na pronúncia a letra sofre uma aspiração ou
ocorre um alongamento vocálico. Logo na palavra poqque, é possível observar a assimilação do /r/ à consoante
seguinte, uma característica associada às origens africanas. Outra
peculiaridade está em má, no
dia-a-dia cubano /s/ desaparece no final das palavras, quando vindo após as
vogais, a palavra Arróz aparece sem a letra z, a mesma corresponde
foneticamente a /s/ que como mencionado logo acima, desaparece no final das
palavras.
Não só no espanhol
caribenho, como em outras regiões que não fazem especificamente parte do
Caribe, /d/ tem perda entre vogais, ou muitas vezes é pronunciada de maneira leve,
quase imperceptível, como na palavra na e
to (significa nada e tudo). Em biejo e nuebo, por exemplo,’ é exemplificada a
igualdade ou a proximidade de v e b.
Nessa variação do espanhol a
pronúncia de B é labial e quase não
emite som. Cuba é considerado um país yeísta, isso significa que ll é
articulado como y, nesse caso, os cubanos não distinguem, por exemplo, “cayó”
(de caer) e “calló” (de callar), essa é uma característica própria dessa região
espano falante.
Uma característica importante
é possível observar em r final, como
pode ser observado nas palavras comé
e corré (que normalmente receberiam a
letra r final), ficam na verdade com um som próximo a “comél” e “corrél”, isso
é muito comum no espanhol caribenho e também pode ser observado em palavras com
r ou l no meio da frase, onde o som das duas letras são trocadas, como em
“arma”, ao invés de “alma” ou “peldón”, ao invés de “perdón”.
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