RÚSSIA: UM GIGANTE NO GIGANTISMO OCIDENTAL
OCIDENTE, ORIENTE OU AUTONOMIA?
Em um mundo cada vez mais incerto de seus caminhos dentro das políticas econômicas e sociais, um país insiste em se manter firmemente na mesma posição há quase 30 anos, diferente de praticamente todos os outros, que ao longo dos anos foram alternando suas políticas. A Rússia, o maior país do mundo, esse que foi a grande potência mundial juntamente com os Estados Unidos após a segunda grande guerra mundial, continua indecifrável.
O padrão de vida dos russos é bem diferente daquele reportado pelos livros de história quando relatam as velhas e conhecidas histórias dos tempos do socialismo. Mesmo depois da queda do regime, fato que ocorreu em setembro de 1991, iniciado com Lituânia, Estônia e Letônia se proclamando independentes da União Soviética. Em dezembro do mesmo ano, a Rússia, Ucrânia e a Bielo-Rússia se reuniram em prol da criação de uma Comunidade de Estados Independentes. Diante desse fato, na prática, a União Soviética não mais existia. O presidente da época, Gorbatchov, se viu obrigado a renunciar e fazer a declaração da extinção da URSS.
Ocidentalização da cultura russa
O que tem se observado à partir dos anos 2000 é uma investida da Rússia sob a cultura pop, algo muito parecido ao que foi feito pelos EUA quando conseguiram implantar a ideia e ideal de sonho americano.
A Rússia não é ocidental, a Rússia não é oriental
Os russos não sorriem por algum motivo rotineiro, normalmente usamos o sorriso para nos apresentar, aprovar, ironizar, etc. É muito comum não ver o sorriso de um russo a não ser que você o conheça muito bem. Por outro lado receber o sorriso de uma pessoa desse país é sinal de uma confiança genuína.
É muito costumeiro receberem pessoas em suas casas, uma atividade costumeira regada de muita comida e bebida, já quem receber uma pessoa em casa e não oferecer nada para comer e beber é uma desfeita muito grande, assim como quem vai à casa de alguém, tem a missão de comer e beber, já que não fazê-lo também é uma desfeita. É muito comum levar uma garrafa de vodka ou até mesmo flores para fazer uma vizitinha na casa dos amigos.
Uma curiosidade é o fato dos russos terem um prazer nostálgico de sempre ver conteúdos da época soviética, desenhos, novelas, seriados, etc. É muito comum, inclusive, os russos.
RT
Seguindo o mesmo formato da TV Al Jazeera, idealizada pelo governo do Catar, afim de promover informação, crítica e conteúdo dos mais diversificados níveis a nível mundial, o canal RT, também conhecido como Russia Today, é um canal idealizado pelo então presidente Vladmir Putin, com o objetivo de transmitir informações, entre outros conteúdos, dentro do ponto de vista russo, além de realizar marketing pró-Rússia.
O canal iniciou sua atividades no dia 10 de dezembro de 2005, e em pouco tempo se tornou um dos grandes influenciadores mundiais. O crescimento aconteceu de forma tão rápida, que, atualmente o canal é a emissora de TV mais assistida no YouTube, com 2.600.000 inscritos.
É o símbolo do sucesso russo em mostrar para o mundo que eles continuam sendo uma potência, que a Rússia é grande e poderosa, e está na vanguarda do mundo no século XXI. Vídeo a seguir, repare a chegada do presidente de forma triunfal e imponente, em 9 minutos e 23 segundo, que, mesmo com seus compromissos políticos, ainda encontrou um ligeiro segundo para olhar para o quadro na parede no lugar onde muito provável frequenta há mais de 30 anos, tudo elaborado, logo, em 14min21, repare na chegada ao local onde discursará.
A Rússia é POP
Ao concentramos nossa visão sobre o aspecto histórico e refletirmos sobre a atuação da Rússia no cenário mundial, em todas as vertentes a impressão que se tem é que o aspecto cultural foi onde o país mais concentrou suas mudanças, e por mais incrível que pareça, isso não é somente por conta de uma abertura experimentada e vivida definitivamente pelo país após a dissolução da URSS. Isso se dá por que de alguma forma os dirigentes russos sabem que a cultura americana, que indiscutivelmente invadiu o país foi crucial para jogar a "ultima pá de cal" sobre o regime da época. A Rússia entendeu que ser "legal" é bom negócio, e rende aliados, não impede de manter o interesses e não impede de usar a força quando necessário.
Ao buscar músicas na internet, naturalmente, as que nos aparecem são as músicas cantadas em inglês. Têm sido muito comum encontrar músicas em espanhol de uns 10 anos para cá. Sabemos que os orientais não são muito bons em criar músicas com boas melodias ou algo que os acidentais agradem. E quando pensamos em russos cantando a imagem que nos vem seriam de músicas que se parecem hinos de guerra, a exemplo o próprio hino russo. Mas é aí que tudo muda, a música russa se parece mais com a música americana e é uma forma encontrada para criar uma política de aproximação cultural com os países que estão próximos ao país, mostrando que a Rússia é capaz de exportar cultura, assim como os Estados Unidos faz massivamente desde o fim do século XIX.
O cantor e rapper Doni começou sua carreira no ano de 2000 sendo influenciado pelos artistas americanos Eminem e Dr. Dre.
Bilan representou a Rússia no Festival Eurovisão da Canção 2006 com "Never Let You Go", terminando em segundo lugar. Bilan venceu o Festival Eurovisão da Canção 2008 com a música "Believe".
Em uma referência clássica, no livro Segundo Mundo, de Parag Khanna, o autor revela que, na década de 1980, os russos costumavam chamar qualquer pessoa asiática — especialmente os chineses — de “praga amarela”. Tal expressão revela e reflete não apenas o pensamento coletivo da Rússia sobre a iminente ascensão dos asiáticos — em termos de exploração, manipulação financeira e influência geopolítica —, mas também uma sensação latente de insegurança. Trata-se da indecisão e, talvez, do temor dos russos de perderem a vanguarda ou, ao menos, o posto de segunda potência em praticamente todos os aspectos relacionados à geopolítica global.
O livro também rememora uma célebre frase de Winston Churchill, segundo a qual a Rússia é “uma charada envolta em um mistério dentro de um enigma”. E, de fato, podemos afirmar com convicção que a Rússia continua sendo uma charada — estratégica, cultural e ideológica. Mas a questão que se impõe é: será a Rússia capaz de sobreviver às transformações que marcam o século XXI e ao constante cabo de guerra entre os Estados Unidos e a China, sem abrir mão de seu protagonismo? Ou terá, inevitavelmente, de escolher um lado nesse jogo de forças, cujos rumos podem conduzir o mundo a uma nova hegemonia — não mais ocidental, mas asiática?
Fontes:
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/24955/24955_4.PDF
Europa ocidental e Rússia - uma aproximação. Disponível em: <http://www.esquerda.net/opiniao/europa-ocidental-e-r%C3%BAssia-uma-aproxima%C3%A7%C3%A3o>. Acesso em: 24 jul. 2025.
ZHEBIT, A. A Rússia na ordem mundial: com o Ocidente, com o Oriente ou um pólo autônomo em um mundo multipolar? Revista Brasileira de Política Internacional, v. 46, n. 1, p. 153–181, jun. 2003.
DE, C. cadena de televisión financiada por el gobierno ruso. Disponível em: <https://es.wikipedia.org/wiki/RT>. Acesso em: 24 jul. 2025.
URSS - O fim: Boris Ieltsin e o fim do regime socialista na Rússia. Disponível em: <https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/atualidades/urss---o-fim-boris-ieltsin-e-o-fim-do-regime-socialista-na-russia.htm?cmpid=copiaecola>. Acesso em: 24 jul. 2025.
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